Friday, March 10, 2006

O MELHOR DA DISNEY É O MELHOR DE BARKS!


A série O melhor da Disney - As Obras Completas de Carl Barks é um dos melhores lançamentos que o mercado nacional de quadrinhos teve nos últimos anos. Nessa série podemos acompanhar a evolução e o amadurecimento do trabalho de Carl Barks, o artista norte-americano que durante pouco mais de vinte anos escreveu e desenhou anonimamente as histórias em quadrinhos do Pato Donald publicadas pela editora Western Publishing Company.
Barks criou alguns dos mais expressivos personagens Disney: Tio Patinhas, Gastão, Professor Pardal, Irmãos Metralha e Maga Patalógica. Seus roteiros eram engenhosos e os cenários de várias de suas histórias eram baseados em fotografias publicadas na revista National Geographic. Extremamente perfeccionista e disciplinado, Barks trabalhava isolado em sua fazenda, longe da agitação das cidades grandes, e costumava consultar a Enciclopédia Britânica para buscar inspiração para suas histórias.
A reedição de suas histórias pela Abril é enriquecida por textos introdutórios que fornecem maiores informações a respeito dos bastidores e da época em que as histórias forma publicadas. Esses textos são de autoria do jornalista Marcelo Alencar, veterano editor de quadrinhos na Abril com base no trabalho de pesquisa da dupla Paulo Maffia e Roberto Elísio dos Santos, autor do livro Para reler os quadrinhos Disney.
Infelizmente, os quadrinhos Disney caíram muito de popularidade no Brasil. No passado, as vendagens da revista O Pato Donald, a primeira lançada pela Abril, ajudaram a sustentar a Veja, revista que no início teve baixas vendagens, mas foi mantida por razões políticas: para fazer oposição ao Regime Militar. Em parte, essa queda na popularidade dos quadrinhos Disney se deveu ao aumento na popularidade dos gibis de Maurício de Sousa. À primeira vista, isso pode ser interpretado como uma vitória para os quadrinhos nacionais. No entanto, se fizermos uma análise mais aprofundada, a queda na popularidade dos quadrinhos Disney foi prejudicial ao mercado nacional de quadrinhos. Em primeiro lugar, porque acabou significando demissões em massa na Abril Jovem. Exemplo disso é o fato de a Abril ter fechado o seu estúdio de quadrinhos, que também produzia histórias com personagens Disney. Resgatar a popularidade dos quadrinhos Disney é essencial para que o Brasil tenha um mercado de quadrinhos saudável. Para isso, a Abril deve bolar estratégias de campanha para vencer as campanhas difamatórias que foram feitas contra a marca Disney. Estou me referindo aos marxistas dogmáticos que leram o livro Para ler o Pato Donald, escrito por uma dupla de sociólogos chilenos que chegou a adulterar falas de balões das histórias para reforçar a tese deles, e aos fanáticos religiosos que ficam vendo mensagens subliminares satanistas em qualquer coisa que tenha a marca Disney.

Túlio Vilela, formado em história pela USP, é professor da rede pública do estado de São Paulo e um dos autores do livro Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula (Editora Contexto).

1 Comments:

At 1:20 PM, Blogger R R said...

Realmente eram fantásticas as aventuras de Barks!
Não acompanho as revistas Disney há mais de uma década, pois, quando houve uma "modernização" das histórias para atingir o público mais jovem, perdi o interesse, mas acho que esse não foi o único fator que levou ao ocaso das mesmas.
Acho que a Abril Jovem dedicou muito à Marvel, e quando a perdeu para a Panini, não havia um plano "B" para as outras linhas de quadrinhos da editora.
Abraços,
Renato.

 

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