Qualquer semelhança NÃO é mera coincidência...
Nas décadas de 1970 e de 1980, várias editoras brasileiras pirateavam ilustrações tiradas de publicações importadas para usar em capas de revistas e até em álbuns de figurinhas. Como naquele tempo não havia Internet, só mesmo quem acompanhava as poucas publicações importadas então disponíveis em nossas livrarias percebia a picaretagem. A Bloch Editores foi a pior empresa que já publicou os quadrinhos Marvel no Brasil: tradução deplorável que descaracterizava os heróis (imagine todas as personagens usando gírias cariocas dos anos 1970); colorido péssimo (eles costumavam substituir as cores dos uniformes dos heróis e vilões por outras, na quadrinização de Guerra nas Estrelas, por exemplo, eles pintaram de amarelo a armadura do Darth Vader) e outras "porquices". Não bastasse tudo isso, o pessoal da Bloch também fazia uso indevido de ilustrações alheias. Numa edição da revista Capitão Mistério, os "gênios " da Bloch pegaram uma capa pintada pelo artista norte-americano Earl Norem para a revista Savage Sword of Conan , publicada pela Marvel. O Conan foi transformado na Múmia e a assinatura do Norem foi riscada. Felizmente, tempos depois a capa do Norem abrilhantou uma das edições da revista A Espada Selvagem de Conan, publicada pela Abril. Dessa vez, publicada sem retoques e com a devida autorização da Marvel. A reprodução da capa da Capitão Mistério encontrei no Fanboy, um dos melhores sites nacionais sobre quadrinhos (www.fanboy.com.br).
Túlio Vilela, formado em história pela USP, é professor da rede pública do Estado de São Paulo e um dos autores de “Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula” (Editora Contexto).